Como falar com as pessoas sobre a saúde mental delas?

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O impacto da pandemia sobre a saúde mental das pessoas e a resposta necessária para limitá-lo mudaram significativamente o estilo de vida de muitos, reduzindo sua qualidade por vezes de forma dramática e perigosa.

O Washington Post veiculou uma matéria, reproduzida pela American Psychological Association, que me pareceu muito pertinente e, por isso, gostaria de abordá-la aqui. O título, em livre tradução, refere-se a “Como falar com entes queridos quando você está preocupado com a saúde mental deles”.

Os níveis de ansiedade, depressão, consumo de álcool e outras drogas cresceram consideralmente em todo o mundo. Os dados apresentados na reportagem são relativos aos EUA, porém refletem uma realidade global, pois os impactos da pandemia não respeitaram fronteiras.

Como perceber sinais de abalo na saúde mental?

É possível detectar sinais de que alguém pode estar passando por um momento difícil, mesmo que não estejamos interagindo pessoalmente. Videochamadas regulares podem fornecer uma boa ideia de como a pessoa está. Sua aparência, disposição, organização do ambiente, etc. podem indicar se ela está mantendo hábitos de higiene, uma rotina minimamente estruturada, preservando suas funções laborais. Se não for possível observar, podemos fazer perguntas sobre a rotina. Este levantamento pode nos dar uma boa indicação dos impactos do isolamento. 

Se a pessoa em questão está ignorando suas ligações e mensagens, não posta nas redes sociais com a frequência com que costumava ou está recusando convites para encontros virtuais, esses são sinais potencialmente preocupantes.

Embora a pandemia tenha contribuído para tornar mais aceitável falar sobre saúde mental, muitas pessoas ainda têm dificuldade em abordar esse tema. Quando estamos estressados e cansados, não dispomos dos mesmos recursos mentais para lidarmos com as circunstâncias. É possível também que algumas pessoas não queiram preocupar outras, pois todos parecem já estar sobrecarregados.

Se algum sinal de que algo pode não estar bem for detectado, não é preciso ter medo de perguntar sobre temas mais sérios, como por exemplo, automutilação ou suicídio. Muitas pessoas relutam em perguntar diretamente a alguém se ele(a) já pensou em se machucar. Pode haver uma preocupação em ofender ou colocar o pensamento na cabeça dessa pessoa. Por vezes, pode também existir o medo de não saber o que fazer se a resposta for sim.

A reportagem faz referência a pesquisas que mostram, no entanto, que perguntar sobre automutilação ou suicídio não aumenta o risco desses comportamentos se manifestarem. Especialmente se dissermos: ‘Só estou preocupado com você, quero ter certeza de que está tudo bem’. Nesse caso, o questionamento significa, na verdade, um sinal de que você realmente se importa e que você é alguém a quem se pode recorrer para obter suporte.

Pode ser importante explicar por que você está preocupado, dizendo à pessoa, por exemplo, que você percebeu que o humor dela mudou e que ela não está mais usando as redes sociais. Essa também é uma forma de dizer que você presta atenção nela.

No caso de receber uma resposta afirmativa, é importante mostrar uma postura apoiadora, agradecendo pela confiança em compartilhar com você algo tão difícil, afirmando que você vai continuar a apoiá-la e que vai ajudá-la a conseguir ajuda.

Como você pode ajudar a saúde mental de alguém?

É fundamental buscar a orientação de um professional treinado rapidamente. Ofereça-se para ajudar a entrar em contato com um terapeuta ou contatando uma linha direta de emergência 24 horas. Você também pode ligar para uma linha direta se precisar de orientação sobre o que fazer.

Mesmo que você não possa estar fisicamente com alguém que está passando por momentos difíceis, há muitas maneiras de lembrá-lo de que ele tem vínculos com pessoas que se importam.

Além de agendar ligações regulares por telefone ou vídeo, é possível também oferecer suporte de formas mais espontâneas, como enviar um cartão ou pequenos presentes. Qualquer sinal que a faça perceber que ela está em sua mente é válido.  

É muito importante lembrar que somos mais capazes de ajudar alguém em um momento difícil do que podemos imaginar.

Existe uma diferença fundamental entre estar sozinho e sentir-se só. O sentimento de solidão está relacionado a sentir que ninguém se importa conosco, que não somos valorizados. Por isso, mais do que nunca, esse é o momento de garantirmos que aqueles a quem amamos saibam o quanto são importantes para nós.

Lista de redes globais de apoio emocional e prevenção de suicídio em diferentes países:

https://faq.whatsapp.com/general/security-and-privacy/global-suicide-hotline-resources/?lang=pt_br

Clique aqui para ler a matéria na íntegra

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